Se eu fosse um escrito seria a "Tabacaria":

Calcando aos pés a consciência de estar existindo.
(Fernando Pessoa como Álvaro de Campos)

sábado, 20 de abril de 2013

"Talvez eu seja pequena,
lhe cause tanto problema
que já não lhe cabe me cuidar.
Talvez eu deva ser forte,
pedir ao mar
por mais sorte
e aprender a navegar."

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Vinte e Nove.


Ainda falta um pouco para os vinte e nove, mas já decidi começar a viver...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Garota Voodoo


Que egoísmo meu pensar que eu poderia ser mais especial que qualquer outra pessoa...
Sou só uma coisa à toa.

Se agora é tão simples dizer "eu te amo" aos outros,
dizer para mim sempre foi um tabu.
Talvez não sentisse, é o porquê mais apropriado.

Ao menos faz um frio delicado
que acalenta esse coração desassossegado.


(é, rimei.)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Invisível


"No baile em que dançam todos
Alguém fica sem dançar.
Melhor é não ir ao baile
Do que estar lá sem lá estar."

(Quadras ao gosto popular - Fernando Pessoa)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Abre los ojos.

Às vezes parece tão difícil enxergar uma razão, um motivo pra seguir em frente... Pra deixar a noite passar, o dia terminar e pensar: “amanhã é um novo dia, tudo pode ser diferente.” A incerteza desse “pode” é que embaça o campo de visão, porque a probabilidade de que o dia errado de hoje se repita ainda existe, especialmente quando você lembra que ontem e semana passada também foram ruins demais.

E é preciso um diário virtual pra descarregar um pouco. Porque todo mundo já ta cansado de te ouvir, todo mundo ocupado demais com seus dias ruins... ou distraídos com seus dias bons demais.

Um diário virtual e um abraço de mãe. É o que me sobrou.

Ainda bem.

Você chora, só chora no colo dela. E ela, apenas ela, te entende, porque ela sabe que é complicado ser você.

Aqui você fala. Aqui você se explica pra você mesmo. E se justifica para não ficar com aquele peso na consciência de que você não deveria sofrer tanto quando há gente com motivos aparentemente muito mais pungentes que os seus.

Mas não dá. Simplesmente, não dá para não sucumbir à dor.

São quase cinqüenta dias sangrando, e isso não é uma metáfora. É a anemia, que agora é talassemia. Ovário policístico. Doença auto-imune, tireoidite de Hashimoto. Carência de Ferro. Carência de vitamina B12. Tombo trágico: pé torcido, inchado, roxo e eu mal consigo andar. Infecção. Dor de cabeça. Fraqueza. Memória fraca. Sono em excesso. Insônia. Ansiedade. Fome. Vontade de não comer. Vômito. Até o álcool deu pra me fazer mal agora. A vacina contra gripe que ainda não tomei. Clima tenso no trabalho. Agente de trânsito energúmeno que me chama atenção injustamente. O salário escasso vem faltando. Os fracassos passados vêm à tona.

...

Morta por dentro.

Mas ainda tentando manter a linha, sem enlouquecer.

O dia de hoje passa, o tempo me rouba a fé.

E o dia seguinte insiste em vir.

Eu acordo com vontade de que seja sonho, que ainda seja noite e eu ainda possa dormir mais um pouco. Mas não é. Eu vejo os raios de sol contornando severamente as bordas da cortina escura, como se me dissessem:

“Você não quer, mas você ainda vive. Sua doença é puro egocentrismo. Abra os olhos. Levanta.”

...

Já dizia Arnaldo Antunes: “E o pulso ainda pulsa...”

quarta-feira, 31 de março de 2010

Das pérolas que não se encontram mais (ou porque uma ostra é só uma ostra)


Eu sou uma ostra.

Produzo pérolas,

Bem polidas, lustrosas e brilhantes.

De cor Marfim.

Eu as liberto e elas fazem seus caminhos.


Trilham tortuosamente seus destinos,

Até se perderem no imenso oceano que é a ignorância dos outros,

Seres marítimos boçais,

Que não me entendem como deveriam

Que não me apreciam como deveriam

Que não sentem o que eu sinto

E que jamais enxergam o mundo azul com a claridade com que enxergo.


Não reconhecidas por seus valores,

As pérolas caem no fundo do mar.

São enterradas na areia...

Onde são confundidas com pedras grosseiras.

Talvez, até sejam mesmo.

Quiçá, eu me atribua valor superestimado

E não seja nada, enfim.


Só uma ostra velha.

Que vive isolada em sua concha,

Uma concha de cor Escura

Que não se percebe,

Que não se vê...

Camuflada pela profundidade do vazio escuro oceânico.


E por isso, só uma concha.

Só uma ostra.

Só uma pérola.

Esquecida.


Música do momento: Soothe - Smashing Pumpkins

Texto de sempre: Tabacaria - Fernando Pessoa (como Álvaro de Campos)

sábado, 27 de março de 2010